A vida é feita de escolhas. Essa parece uma frase pronta, mas não podia ser mais verdadeira. A nossa vida reflete o resultado de uma sequência de escolhas que fazemos ou vamos fazer ao longo da nossa existência. Algumas dessas escolhas são mais conscientes, planejadas, outras são feitas meio que ao acaso, ou até são fruto de uma indecisão ou falta de ação. Afinal, ficar parado no mesmo lugar também é uma escolha!
Não importa o caso ou situação, as consequências vão aparecer e teremos que lidar com elas, mais cedo ou mais tarde. Na vida pessoal, você escolhe quem vai namorar, se vai ficar solteiro ou casar, ter ou não filhos, continuar casado ou se separar, e por aí vai. Em relação à carreira, desde a difícil escolha da primeira profissão, onde estagiar, a busca do primeiro emprego até o desenho do seu plano de carreira ou aposentadoria são importantes decisões que se colocam em momentos distintos e vão definir o futuro de cada um de nós.
Sou de uma época em que as coisas eram mais simples: nossos pais acreditavam que bastava escolher uma das poucas carreiras que consideravam relevantes – eram meia dúzia, no máximo -, passar para uma boa universidade (pública de preferência) e o tempo se encarregava de dar conta do resto.
Mas o mundo mudou, e continua evoluindo em uma velocidade assustadora. As opções de escolha se multiplicam e as tomadas de decisão se tornam consequentemente muito mais complexas. Só no âmbito da carreira, para se ter uma ideia, temos hoje 276 profissões de nível superior estabelecidas no mercado, sem falar das áreas de atuação específicas, oferecidas por cerca de 1.500 instituições de ensino em todo o Brasil, segundo o último Guia do Estudante da Ed. Abril (2017). Complicado, não é?
Provavelmente essa multiplicidade de opções, aliada à imaturidade dos jovens e à falta de orientação especializada, explique em parte os resultados do último Censo de Educação, divulgados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Os dados relativos ao ano de 2015, revelam um aumento impressionante na taxa de desistência do curso escolhido pelos alunos. Essa taxa, que em 2010 era de 11,4%, chegou a 49% em 2014, o que significa dizer que praticamente a metade dos alunos abandonaram o curso para o qual foram admitidos na universidade.
Sem dúvida, essa é uma escolha desafiadora, em uma fase conturbada da vida que é o final da adolescência, marcada por muitas mudanças e pressões. Os jovens têm dúvidas sobre qual o melhor caminho a seguir, não conhecem seus verdadeiros talentos e como podem tirar partido deles para terem sucesso em uma profissão. Em geral se sentem muito inseguros e sofrem influências de todos os lados: pais, amigos, professores, modismos etc. Nesse cenário, as decisões acabam sendo muito pouco fundamentadas.
Assim, por exemplo, observo na prática um incremento da procura por Medicina, em grande parte influenciada por séries populares de canal a cabo, uma incidência de jovens escolhendo engenharia para descobrir na faculdade que odeiam matemática, ou ainda, aqueles que escolhem direito, mas tem horror à leitura.
Mas a angústia da decisão em relação à carreira não é exclusiva dos jovens e pode aparecer em vários momentos ao longo da vida, gerando stress e ansiedade: a falta de convicção por uma decisão tomada no passado que hoje parece não mais fazer sentido, uma insatisfação generalizada ou apenas um desejo de sair da zona de conforto e explorar novas possibilidades, uma demissão inesperada, ou ainda a aposentadoria precoce, cada vez mais comum.
Com o aumento da expectativa de vida (quase 80 anos em média no Brasil) e a melhoria da qualidade de vida e saúde das pessoas, é natural que elas queiram e muitas vezes necessitem continuar produzindo por mais tempo. Só que, com a redução das oportunidades de emprego, é preciso pensar novas formas de atuação profissional e se reinventar nesse processo.
Vivemos, portanto, momentos de grande desafio pessoal, que vão exigir muita clareza e foco para fazer as escolhas mais acertadas. Para uma boa tomada de decisão, que visa reduzir a incerteza, algumas etapas são fundamentais como: o autoconhecimento, a pesquisa, a avaliação e o planejamento.
Tudo começa com o autoconhecimento, que vai nortear todo o processo. Para decidir para onde ir, antes de mais nada é preciso entender onde você se encontra no momento zero e quais são os seus objetivos. A partir daí deve pesquisar todas as alternativas disponíveis, avaliar e comparar os seus prós e contras para então escolher aquela que parece mais razoável e que lhe dará mais chances de sucesso. Só então você será capaz de planejar o caminho para chegar lá, de forma mais rápida e com menos esforço.
Parece simples, não? Mas todos sabemos que não é fácil. Poucas pessoas conseguem de fato assumir o controle e definir os rumos da sua vida dessa forma. Em geral, acabamos “deixando a vida nos levar” e somos obrigados a corrigir o nosso rumo diversas vezes, desperdiçando tempo e esforços pelo caminho... quando isso é possível!
Nesse sentido, entra em ação o trabalho do coach, para apoiar a pessoa, ajudando-a a enxergar e avaliar o seu leque de possibilidades, tomar uma decisão fundamentada e traçar o melhor caminho para chegar lá.
Embora eu acredite que tudo acontece no tempo certo, também temos que fazer a nossa parte para que os resultados que buscamos se tornem realidade.
E você, como tem feito as suas escolhas? Sabe o que quer, e para onde ir? Quais são as suas metas? E os seus planos?
Se você tem filho(s), já pensou como pode ajudá-lo(s), para que tenham a chance de fazer uma escolha mais acertada, e não tenham que aprender somente pelo ensaio e erro?
Lembre-se sempre de que o nosso futuro depende das decisões que tomamos hoje!
Um grande abraço.
Alexandra Sanglard
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